CREATINGBIRTH

Chamo-me Cláudia. Moro em Oeiras e sou mãe de duas meninas.

Apesar de ser Engenheira agrónoma, tenho uma paixao - uma colecçao de várias formações na área da psicologia e do desenvolvimento pessoal – terapia psico-corporal, psicoterapia integrativa, terapia regressiva e hipnose , e astrologia.
Mas estava longe de chegar até aqui.
Vou contar-vos como tudo começou.

Tudo começou com a Laura e a Francisca. A primeira a nascer foi a Laura. E depois de uma gravidez feliz e despreocupada, tive um parto que confesso, traumático. Na altura, tive uma rotura de bolsa, de modo que fui perdendo líquido amniótico aos pouquinhos e quando o trabalho de parto chegou verdadeiramente, as dores começaram de uma forma inesperada e avassaladora. A dilatação progrediu rapidamente e eu, que queria fazer o trabalho de parto (TP) em casa, tranquilamente, esqueci-me que tinha uma doula e implorei ao meu marido que me levasse para o hospital! Então, bloqueei e o TP bloqueou. As dores eram muitas, pedi a epidural e depois de horas de espera veio o pacote episiotomia e ventosa. A recuperação continuou sendo igualmente dolorosa e sentia-me frustradíssima, com uma sensação de não ter conseguido, e culpada por não ter proporcionado um nascimento mais harmonioso à minha filha.


Quando voltei a engravidar, da Francisca, fiquei radiante por me poder redimir, e decidi que dessa vez iria fazer diferente.
Primeiro, comecei por fazer algumas sessões de Rebirthing para me pacificar com tudo o que tinha vivido no parto anterior, e para que a antiga história não me condicionasse. Percebi que o parto é um retrato fiel de nós próprias naquele momento. Sem tirar nem pôr. E que depende cinquenta por cento só de nós. Os outros cinquenta são responsabilidade do bebé.


Segundo passo, desta vez fui fazer um curso de preparação para o parto. Mas para além de alguns conhecimentos básicos, o curso tinha uma grande incidência física e eu senti que nada daquilo me iria ajudar na altura do parto e que na verdade so me desconcentrava da minha tarefa. Fiz uma pesquisa e conclui que os restantes cursos que existiam também não ofereciam nada de novo.
Foi então que iniciei uma preparação totalmente autodidacta. Inspirada nos livros Birthing from Within e Gentle Birth Method, que havia encontrado, pus enfim fim ao turbilhão de informação que ia na minha cabeça.
Desci entao ao centro de mim própria, para um momento de verdadeiro contacto. E na quietude do meu coração, perguntei-me:
O que queria eu afinal? Do que tinha medo? O que precisava?
E deixei que as respostas aflorassem.

Queria um parto mais harmonioso e amoroso. Aterrava-me a memória da dor. E sim, precisava de mais segurança e confiança. Então, tudo mudou. Em vez de ingerir informação indiscriminadamente, passei apenas a procurar os recursos que EU, precisava. Realizei que o sucesso do trabalho de parto depende do estado de relaxamento e segurança em que nos encontramos. E cabe-nos a nós, descobrir aquilo que nos inspira a confiar e entregar-nos.
Comecei então a criar todo o apoio e suporte que sentia me faziam sentir segura. Encontrei uma doula para me acompanhar no parto. Contratei uma empregada para estar perfeitamente integrada com as rotinas da casa e da minha filha mais velha à altura do parto. Todos os dias visitava a Francisca e familiarizava-me mais e mais com todo o processo de parto, enquanto me programava para que fosse ..suave. Deixei de lutar contra a dor. Decidi que iria acompanhá-la e pratiquei antes algumas técnicas para lidar com ela. Encontrei na homeopatia um óptimo recurso para isso, e usei também muito a reflexologia para aliviar pequenos achaques da gravidez. Passo a passo a minha confiança crescia, até que um dia descobri algo que me trouxe literalmente o chão que ainda me faltava. Perguntando-me a mim própria o que é que no mundo me dava mais segurança …fui ter inesperadamente a casa dos meus avós paternos. Uma antiga casa de campo, cheia de memórias, de natais, páscoas, férias e celebrações em família. Com uma grande lareira e um forno onde ainda hoje se coze pão. Um verdadeiro refúgio.


Talvez seja preciso estar grávida para cometer estas loucuras, mas uma vez que não podia ter o parto lá, trouxe a casa até mim. Enchi o quarto com fotografias da casa, das pessoas, dos momentos e pedi que me trouxessem uma manta antiga de que gosto particularmente e coloquei-a na cama! Para completar o cenário, e coincidência ou não, fui na mesma altura a uma feira em Sintra, onde participei numa oficina de fiação de lã. O cheiro da lã, ainda por lavar, transportou-me para os meus tempos de menina em que resmas de lã se amontoavam na dita casa, pois os meus avós tinham ovelhas, faziam queijo e negociavam lã, e era a isso que a casa cheirava. E esse reencontro foi tão vívido e profundo que passei a dormir com uma mecha de lã debaixo da almofada!
E aí uma vez no centro, senti-me verdadeiramente preparada, para tudo o que pudesse acontecer. Estava tão familiarizada com o processo, que nada me poderia assustar ou surpreender. Tinha construído a minha fórmula pessoal, contactado o meu centro. Nada que pudesse encontrar num curso de ginastica para o parto.
Claro que o parto foi maravilhoso. Apesar de ainda assim achar que posso melhorar umas coisinhas, para a próxima !

Nos tempos que se seguiram, entusiasmada, tentava transmitir a mensagem a tantas grávidas quanto as que se cruzavam comigo. Até que decidi estruturar o meu conhecimento e em Outubro de 2009 fui a Londres fazer o curso de preparadora para o parto (mentor) da Birthing from Within e dois seminários com a Drª Gowri Motha, do Gentle Birth Method sobre visualizaçãp e programação para o parto e homeopatia para o parto e pós- parto.

E assim nasceu a creatingBirth. Resultado da minha experiência autodidacta, inspirada nos métodos referidos, mas sobretudo  da manifestação de um enorme desejo de inspirar todas as grávidas,  para que possam  criar a possibilidade um parto maravilhoso e ajustado a elas próprias!




2 comentários:

Ana disse...

Olá,

Só queria dar-lhe os parabéns pelo seu trabalho. É bom ver que ainda existem mulheres no mundo que não acham que fugir do ambiente hospitalar das maternidades é coisa de gente doida... Continue o óptimo trabalho que irei seguir a partir de agora ;)

Ana

O Rei na Barriga disse...

Olá. Gostei do testemunho :) e parabéns por encontrar as respostas dentro de si. Gostava de saber se em termos práticos, sentiu diferenças no bebé que teve um parto mais hamonioso? (diferenças que ache que tenham directamente a ver com o parto).

Obrigada,
Marisa