Um texto básico, sobre um tema basico: onde afinal, no nosso corpo, acontece o parto?
Uma reconhecida parteira mexicana tem uma expressão fabulosa, diz que“ o parto acontece entre as orelhas”!
E não poderia ter escolhido melhor imagem para dizer que o parto acontece na cabeça.. e eu acrescentaria, também no coração. E só depois no corpo.
Como assim? Vou contar-vos a história da dança das hormonas..
Entre outros insondáveis motivos, o trabalho de parto é desencadeado por endorfinas. São estas hormonas que dão ordem ao hipotálamo da mãe para que se liberte occitocina, a hormona que faz o parto acontecer. Então, também da placenta se libertam mais hormonas que induzem à transformação dos tecidos do colo do útero, assegurando o seu relaxamento e abertura.
Esta verdadeira explosão de hormonas flui particularmente bem quando o sistema nervoso parassimpático (cujos neurónios se encontram na cabeça e espinal medula!) se encontra activo. Este é o sistema que permite ao organismo dar respostas quando em situações de calma e relaxamento.
Assim, num estado de calma e descontracção a mãe beneficiará da libertação de quantidades óptimas de hormonas benéficas para os tecidos vaginais, amaciando-os e fazendo com que a dilatação do colo do útero se dê de forma mais rápida, suave e eficiente!
Para que o trabalho prossiga em bom ritmo é imprescindível manter afastados o medo e ansiedade tanto quanto possível – estes são os maiores inimigos do parto. Fazem com que o corpo liberte adrenalina, que estimula a fuga e a luta, anulando o efeito da occitocina: perante uma sensação de perigo, esta tem um efeito constritor sobre o corpo, provocando o aperto dos músculos e impedindo o colo do útero de dilatar ou o próprio útero de contrair de forma eficaz. Sobrevindo daí mais dor ou mesmo o bloqueio do trabalho de parto.
Então, preparar para o parto significa apenas afastar a turbulência provocada pela ansiedade e manter tanto quanto possível um estado de confiança e harmonia. O corpo poderá então prosseguir com o seu trabalho de forma mais ou menos suave e eficiente. (nos casos de gravidezes regulares, claro)
É claro que nem sempre é fácil. No mundo animal todas as fêmeas o fazem naturalmente, refugiando-se num lugar seguro e reservado, permanecendo relaxadas e respirando profundamente. Mas para nós, mulheres ocidentais, com anos e anos de cultura de medo do parto e outras inseguranças, isto pode ser um desafio. Ou não.
É possível então explorar formas especificas de eliminar as ansiedades e trabalhar o medo da dor, e em contrapartida, aprender a construir e manter ao longo da gravidez e do trabalho de parto um sentimento de tranquilidade e segurança.
E isto significa trabalhar não só com a mente, mas também com o coração. E apesar de não irmos correr uma maratona, um corpo minimamente bem descongestionado e sobretudo sem retenção de líquidos ou gordura em excesso que possa dificultar o movimento dos tecidos, também ajuda. O resto, é com as hormonas!
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